quarta-feira, 14 de abril de 2010

Neste dia ESPECIAL...

...para mim, um pouco de poesia, de um poeta que sempre admirei!

Acaso

No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.

Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Un prophète


Um filme de Jacques Audiard (De battre mon coeur s'est arrêté) grande prémio do Júri no Festival de Cannes 2010, grande vencedor dos prémios César (“Óscares” do cinema francês), arrecadou no total 9 césar, entre eles o de melhor filme e de melhor actor (Tahar Rahim ), ganhou também o prémio BAFTA e o Globo de Cristal na categoria de Melhor Filme e ainda o Globo de Cristal na Categoria de Melhor Actor, esteve nomeado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro para os Globos de Ouro e para os Óscares de 2010.

Um filme que nos conta a estória de um jovem árabe analfabeto, frágil e inexperiente, condenado a seis anos de prisão.
Uma obra realista, crua e arrebatadora, que nos mostra a vida de um homem que aprende a sobreviver na prisão, um filme de prisão, máfia, mas acima de tudo de aprendizagem e sobrevivência.

Destaco a interpretação “Tahar Rahim” é mesmo muito boa, é muito interessante ver as alterações da personagem e a sua evolução ao longo do filme. Há uma cena que determina toda a mudança ,e o actor soube transmitir essa mudança com o olhar, na vida do personagem e nós que estamos a ver sentimos essas alterações.




Vale ver!