Ah… o derradeiro Fado…
A doce brisa da existência inebria-me;
Suave frescura sob os meus pés;
Da alta erva verdejante;
A maior das sublimes viagens;
Que tudo leva…
Como se de o sopro de Neptuno se tratasse;
E a mim… No Estígio Rio.
Imutáveis passam os mares;
Perenes as grandes montanhas;
Inconscientes o destino rodeia;
Tágides e Hermes.
O caminho cerra-se;
E a mim… no Estígio Rio.
Este é o dia
Pelo qual eu sou
Por onde existo
Lentamente, Inexoravelmente,
O negro vácuo atrai;
E a mim… no Estígio Rio.
De que serve então,
Matéria, Fracasso Sucesso Amor
Nada sendo mais que
Luz no Presente
Trevas no Passado,
Nada no Futuro
E a mim… no Estígio Rio
À beira do rio eu escrevo,
Sabendo que é este o momento,
Que não se repete,
Viver pelas Horas, Minutos, Segundos,
É esta lei, por isso escrevo
Outono que não pára…
Inverno que não espera…
Por mim… no Estígio Rio.
Ricardo Reis
BomBom Pâtisserie, uma Petite Paris em Lisboa
Há 13 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário