segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ah… o derradeiro Fado…

A doce brisa da existência inebria-me;

Suave frescura sob os meus pés;

Da alta erva verdejante;



A maior das sublimes viagens;
Que tudo leva…

Como se de o sopro de Neptuno se tratasse;

E a mim… No Estígio Rio.


Imutáveis passam os mares;

Perenes as grandes montanhas;
Inconscientes o destino rodeia;

Tágides e Hermes.

O caminho cerra-se;
E a mim… no Estígio Rio.

Este é o dia

Pelo qual eu sou

Por onde existo

Lentamente, Inexoravelmente,

O negro vácuo atrai;

E a mim… no Estígio Rio.


De que serve então,

Matéria, Fracasso Sucesso Amor

Nada sendo mais que

Luz no Presente

Trevas no Passado,
Nada no Futuro

E a mim… no Estígio Rio



À beira do rio eu escrevo,

Sabendo que é este o momento,

Que não se repete,

Viver pelas Horas, Minutos, Segundos,

É esta lei, por isso escrevo

Outono que não pára…

Inverno que não espera…

Por mim… no Estígio Rio.

Ricardo Reis





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