terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Amour
Sempre gostei de filmes cujo o argumento me fizesse pensar, questionar, Haneke é ,incontornavelmente, um dos meus realizadores de eleição, é para mim impossível ficar indiferente aos seus filmes.
Amour sem a violência de La pianiste
(2001), outro marco incontornável, interrompe ,ainda assim, a nossa experiência para a atormentar. Isto porque é impossível ficar indiferente ás interpelações que minam de rompante o nosso quotidiano. “ até que ponto somos capazes de amar alguém?” até que ponto conseguimos lidar com o sofrimento de quem amamos?” até que ponto somos capazes de aguentar a dor?” “até que ponto somos capazes de deixar ir, libertar, quem amamos?” são apenas algumas das inquietações levantadas nesta obra de simultânea beleza e crueldade, que é a efemeridade da vida.
Amour , expõe o amor e o seu verdadeiro significado – o seu verdadeiro propósito, quando despido de todos os artifícios. Este filme poderia facilmente ser um produto melodramático de faca e alguidar, capaz de arrancar lágrimas fáceis e sentimentos automáticos de compaixão. Ao contrário, Haneke no seu estilo, que muito aprecio, preferiu deixar de lado qualquer romantismo idealista e centrar-se na questão do sofrimento humano inevitável perante a circunstância da doença, da incapacidade física, da incomunicabilidade e da ruina psicológica iminente. E fá-lo de uma forma impressionantemente detalhada e realista. E apesar do desfecho esmagador, fica-nos na memória uma mensagem de esperança: de facto, nada pode o amor perante a morte; no entanto, ele é porventura o único despojo que lhe pode sobreviver.
Dificil escolher uma cena…o meu filme favorito visto em 2012..e foi talvez o ano em que vi mais filmes.
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